Antes mesmo de receber educação moral as crianças já demonstram comportamento semelhante ao pró-social.
Altruísmo: o desenvolvimento do eu pró-social
Neste artigo vamos entender o que é altruísmo e como desenvolvemos nosso comportamento pró-social ao longo da vida.
Origens do altruísmo
Aos 12-18 meses, às vezes oferecem brinquedos aos colegas. Com aproximadamente 2 anos, demonstram mais racionalidade ao oferecer seus pertences quando estes estão escassos. Aos 3 anos, mostram reciprocidade ao retribuir o favor. Quanto às origens, existem diferenças individuais, algumas crianças apresentam comportamentos altruístas e outras não. Isso pode ser devido a:
- Crianças que demonstram auto-reconhecimento.
- Pais que, em vez de reagirem coercitivamente, agem de forma mais amorosa (ex.: Você fez Dorg chorar, morder não é certo).
Tendências de desenvolvimento no altruísmo
Atos de auto-sacrifício são incomuns em crianças pequenas e pré-escolares. É a partir do ensino primário que começam a manifestar-se atitudes pró-sociais. Não há diferenças sexuais no comportamento pró-social.
Contribuições cognitivas sociais e afetivas do altruísmo
Existe uma ligação causal entre uma perspectiva emocional e social. Existem dois pré-requisitos: empatia e raciocínio moral social (pensamento demonstrado por pessoas que decidem ajudar outras pessoas, partilhar com elas ou consolá-las, mesmo que essas ações possam custar-lhes caro).
Raciocínio moral pró-social
Muitas pesquisas se concentraram no raciocínio de uma criança sobre questões pró-sociais e sua relação com o comportamento altruísta. A princípio a preocupação recai sobre as próprias necessidades, mas à medida que amadurecem, tendem a ser mais sensíveis aos outros. Para Eisenberga crescente capacidade de empatia influencia o raciocínio pró-social.
Empatia: uma contribuição atenciosa e importante para o altruísmo
De acordo com Hoffmann, a empatia é uma resposta humana universal que possui uma base neurológica que pode ser estimulada ou suprimida pela influência ambiental. Algumas crianças podem demonstrar ativação empática compassiva (sentimentos de compaixão quando o outro está angustiado) ou angústia auto-orientada (sentimentos de angústia quando o outro está angustiado).
→ Socialização da empatia
Os pais podem encorajar a ativação empática compassiva:
- Modelando a preocupação empática
- Usando formas de disciplina com orientação afetiva
→ Tendências etárias na relação entre empatia e altruísmo
A ligação entre empatia e altruísmo é mais forte na pré-adolescência, adolescência e idade adulta, e menos na pré-escola e na escola primária. As crianças mais novas não têm capacidade para considerar o ponto de vista dos outros.
→ Hipótese de responsabilidade sentida
Teoria que sustenta que a empatia pode estimular o altruísmo, pois nos incentiva a refletir sobre normas altruístas, o que gera a obrigação de ajudar outras pessoas que estão angustiadas.
Influências culturais e sociais do altruísmo
→ Influências culturais
As sociedades mais altruístas são aquelas menos industrializadas e menos individualistas. Embora as sociedades difiram na importância que atribuem ao altruísmo, todas aplicam a norma da responsabilidade social (todos devem isso a quem precisa de ajuda). Os adultos convencem as crianças a se preocuparem com o bem-estar dos outros de diferentes maneiras.
→ Reforço altruísta
As crianças reforçadas por comportamentos altruístas têm menos probabilidade de se envolverem em comportamentos pró-sociais quando as recompensas cessam. O reforço verbal de uma pessoa carinhosa e respeitada pelas crianças estimula o altruísmo neste caso.
→ Prática e pregação do altruísmo
Os teóricos da aprendizagem social assumem que os adultos que incentivam o altruísmo e praticam o que prevêem influenciam as crianças de duas maneiras:
- Ao praticar, servem de modelo para as crianças.
- A prática regular de exortações altruístas (estímulos verbais para ajudar, consolar, compartilhar ou cooperar com os outros) faz com que a criança as internalize, mas somente se houver um vínculo emocional com o modelo que proporcione uma mudança duradoura.
Quem cria filhos altruístas?
Pessoas altruístas são aquelas que desfrutaram de um relacionamento caloroso e afetuoso com os pais. Os ativistas totais tiveram pais que praticavam o que pregavam, enquanto os ativistas parciais tiveram pais que apenas pregaram. Disciplina baseada no afeto e na racionalização tem efeito positivo e traz melhores resultados.