Ele paracetamol (acetaminofeno) é um medicamento amplamente utilizado por suas propriedades contra dores e febre. Tal como acontece com outros medicamentos, seu consumo pode causar efeitos colaterais indesejados. Até agora, sabia-se, por exemplo, que a ingestão em altas doses afetava negativamente o fígado.
Uma pesquisa recente da Universidade de Ohio parece indicar que o ingrediente ativo paracetamol, que também é encontrado em outros medicamentos, diminui a capacidade de sentir emoções positivas e negativas.
O paracetamol não afeta apenas a dor
O estudo da relação entre o paracetamol e as emoções não é algo novo, pesquisas anteriores descobriram que os indivíduos que tomaram paracetamol durante três semanas sentiram menos dor emocional do que as pessoas que tomaram placebo. Mas o novo estudo, publicado em Ciência Psicológicaparece mostrar que essa droga também afeta as emoções positivas, e não apenas as negativas.
O estudo e seus resultados
A pesquisa, liderada por Geoffrey RO Durso, Andrew Luttrell e M. Baldwin, foi realizada na Universidade de Ohio. Foram formados dois grupos de 41 sujeitos cada. O primeiro grupo recebeu uma dose de 1.000 mg de paracetamol e o segundo grupo recebeu um placebo (um suposto medicamento). Uma hora depois (o tempo necessário para o paracetamol fazer efeito), foi-lhes mostrada uma série de imagens para suscitar emoções negativas ou positivas. Estas imagens foram selecionadas para provocar fortes reações emocionais. Os sujeitos tiveram que avaliar de +5 (mais positivo) a -5 (mais negativo) sua percepção positiva ou negativa da imagem. Após observar as imagens e avaliá-las pela primeira vez, foi novamente apresentada a sequência de imagens para uma segunda avaliação.
Os resultados revelaram que o grupo que consumiu paracetamol sentiu reações emocionais menos intensas às imagens, ou seja, as imagens negativas foram avaliadas como menos negativas e as imagens positivas foram avaliadas como menos positivas.
Para descartar que a percepção de outras qualidades da imagem (como intensidade da cor, etc.) não tenha afetado a avaliação emocional, foi realizado um segundo estudo. Os resultados mostraram que o paracetamol não alterou a percepção visual da imagem.
Deve-se mencionar que a diferença nas pontuações de ambos os grupos não foi muito grande. As pontuações médias do grupo placebo foram 6,76, enquanto as do grupo que tomou paracetamol foram 5,85.
Outros estudos em relação à dor e emoções
Já comentamos no artigo “The Phantom Limb: Mirror Box Therapy” que os estudos de Ronald Melzack, pesquisador e professor de psicologia na Universidade McGill, no Canadá, deram origem ao Teoria da Neuromatriz. Esta teoria atribui a difusão da dor e sua transmissão por todo o corpo a um sistema complexo. Várias áreas intervêm no sistema (sistema nervoso central e periférico, sistema nervoso autónomo e sistema endócrino) influenciadas diretamente por diversos fatores psicológicos, emocionais, genéticos e sociais.
Outro estudo, realizado por Naomi Eisenberger, pesquisadora da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), parece indicar que o dor física e dor social Eles são processados nas mesmas regiões cerebrais. Essas regiões do cérebro são ativadas de maneira semelhante quando enfrentamos dor física ou rejeição social, como um rompimento. Além disso, as pessoas “que são mais sensíveis à dor física também tendem a ser mais sensíveis à dor social”, conclui o autor da investigação.
Se é verdade que o paracetamol afeta as emoções, será que outros analgésicos, como Aspirina ou o Ibuprofeno? Certamente haverá pesquisas futuras nesse sentido.