Como seres relacionais que somos, a questão dos vínculos é uma das maiores preocupações do ser humano. Podemos sofrer feridas graves ao interagir com outras pessoas, mas também nos curamos através do vínculo. Justamente por isso é de grande relevância que possamos entender como construir laços fortes. E, embora este seja o ponto principal do artigo, veremos também o que é um relacionamento saudável – e o que não é -, como aprendemos a criar vínculos e se é possível modificar esses aprendizados.
Como posso saber se meus relacionamentos são saudáveis?
As relações interpessoais são um tema muito interessante e, ao mesmo tempo, complexo. Considera-se que para que uma relação seja saudável deve basear-se no respeito mútuo, na confiança, no apoio e na colaboração. Além disso, você também deve ter uma comunicação aberta, assertiva e honesta.
A qualidade de nossos relacionamentos pode afetar diretamente nosso bem-estar emocional e físico. Nesse sentido, é importante não idealizar e ter em mente que não existem relacionamentos perfeitos.. Construir um vínculo seguro – seja qual for o tipo – requer compromisso e cuidado de todas as partes envolvidas.
Em linhas gerais, podemos afirmar que relacionamentos em que há falta de respeito e violência ou abuso de qualquer espécie estão completamente longe de ser um relacionamento saudável. A isto podemos acrescentar dinâmicas disfuncionais e comportamentos abusivos, humilhantes e/ou controladores. Porém, como não existem dois seres iguais, é importante que cada pessoa tome consciência de quais são as suas necessidades nos diferentes tipos de relações que estabelece. Da mesma forma, é importante ter clareza sobre os próprios limites, comunicá-los de forma assertiva e respeitá-los.
Antes de nos aprofundarmos na construção de links saudáveis, é necessário entender como os links são gerados. O principal protagonista neste momento é o apego. Porém, não podemos esquecer que, além do apego, as experiências de vida de cada pessoa também podem interferir. O termo apego, em psicologia, refere-se ao vínculo primário que se estabelece entre a criança e seus principais cuidadores durante os primeiros anos de vida..
Essas primeiras experiências deixarão uma marca que influenciará fortemente a sensação de segurança no vínculo. Isto é, se sentirmos que conectar-se com outras pessoas é seguro ou não. Felizmente, as evidências científicas que temos atualmente reforçam a ideia de que podemos internalizar novos aprendizados e padrões. Ou seja, mesmo que as primeiras experiências tenham sido complexas, se tivermos experiências de vínculos seguros podemos internalizá-las e relacionar-nos a partir dessa base.
Como construir vínculos fortes e positivos?
Construir vínculos saudáveis, fortes, nutritivos e duradouros requer consciência, comprometimento, presença e intimidade. É um processo e, portanto, envolve trabalho, continuidade no tempo e, às vezes, exige paciência.
As propostas abaixo abrangem estratégias e aspectos importantes que podem ser aplicados a diversos tipos de relacionamento interpessoal. Ou seja, não focam apenas nas relações familiares, de casal ou de amizade, mas abrangem a sua totalidade.
1. Autoconhecimento
Cada pessoa tem sua história de vida. As experiências individuais influenciam a percepção do mundo, mas também crenças e valores. É importante estar atento às nossas próprias feridas emocionais para identificar como elas podem interferir.
2. Autocuidado e bem-estar individual
Um relacionamento saudável deixa espaço para que seus componentes cresçam individualmente. Isto implica que cada pessoa possa cultivar e manter os seus interesses, bem como o seu bem-estar físico e emocional fora da relação que está a ser construída.
3. Invista tempo no relacionamento
Para que um relacionamento chegue ao ponto necessário de comprometimento e intimidade, é preciso cuidar dele e investir tempo de qualidade com a outra pessoa.. Além disso, é importante que as partes envolvidas sintam que existe um equilíbrio em relação ao poder.
4. Responsabilidade emocional
Este termo refere-se ao fato de tomar consciência das necessidades e desejos da outra pessoa da mesma forma que os seus. Assim, implica assimilar a responsabilidade pelas próprias ações e o possível efeito sobre os outros.
5. Resolução de conflitos
Os laços emocionais que possuem bases seguras também enfrentam situações de conflito ou momentos de desentendimento. Devem ser abordados com respeito, de forma construtiva e buscando soluções que satisfaçam as partes envolvidas para reparar o vínculo..
6. Comunicação
Todas as partes devem sentir que podem expressar livremente os seus pensamentos, emoções, preocupações, desejos e necessidades. Comunicação honesta baseada na escuta, respeito e não julgamento.
7. Apoio emocional recíproco
Nos relacionamentos saudáveis, as pessoas se sentem à vontade para se compartilhar, sabendo que, nos momentos de desregulação emocional, o outro estará presente. É importante poder oferecer e receber ajuda, conforto e apoio de forma bidirecional.
8. Limites
Não podemos esperar mudar outras pessoas como quisermos. Às vezes, haverá pontos de divergência onde não será possível encontrar um meio-termo e é importante respeitar os limites de cada indivíduo.. Devemos assumir a responsabilidade de comunicar nossos limites de forma clara e respeitosa.
9. Ajuda profissional
Se o relacionamento estiver passando por um momento difícil e você considerar que não tem recursos para lidar com a situação, pode pedir ajuda profissional. Tanto a terapia de casal quanto a familiar são opções altamente recomendadas.