Triscaidecafobia é a fobia do número treze; O sujeito que sofre disso sente um medo tão intenso e irracional desse número que o evita a todo custo. Neste artigo falaremos sobre triscaidecafobiae veremos como se define essa fobia, qual a sua relação com a superstição e quais exemplos estão ligados a ela.
O que é triscaidecafobia?
Triskaidekaphobia ou fobia do número treze é um medo intenso e irracional do número 13. Se observarmos a etimologia do termo “treis” ele é traduzido como três e “deca” dez, e “triscaideca” pode ser traduzido como treze. Para considerar o medo como uma fobia devemos verificar se ele é excessivo, se gera desconforto ou alteração da funcionalidade do sujeito, ou seja, tem impacto na sua vida.
Para ver o alcance da avaliação negativa do número treze, vale destacar que 10% da população em geral afirma preferir não ser associada a esse número, apesar de ser menor o percentual de sujeitos que podem receber o diagnóstico de fobia.
Sintomas
A Quinta Edição do Manual de Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria (DMS 5) classifica as fobias na categoria de transtorno de ansiedade. As fobias específicas são definidas como um medo ou ansiedade intenso em relação a um objeto ou situação específica, sendo esse medo quase sempre observado de forma desproporcional e resultando na evitação do estímulo fóbico. Tal como acontece com a maioria dos transtornos de ansiedade, os sintomas devem estar presentes por pelo menos 6 meses.
A triscaidecafobia é classificada como um tipo de fobia específica porque não corresponde a nenhum dos especificadores específicos. Dado o impacto que os sintomas fóbicos têm na vida da pessoa será necessário ir à psicoterapia.
Devemos ter em mente que para atender aos critérios e, portanto, poder fazer um diagnóstico e considerá-lo uma fobia, deve-se observar desconforto ou deterioração da qualidade de vida; Portanto, a intervenção será fundamental para recuperar a funcionalidade.
Evitando o número treze
Também vemos como O uso do número 13 é evitado em diferentes locais ou profissões. Alguns arranha-céus não têm décimo terceiro andar, vão diretamente para o décimo quarto. Essa evitação também é observada nas ruas, nos números das casas, nas linhas de avião, saltando diretamente do doze para o quatorze ou mesmo no número do quarto do hotel.
O documento de identidade nacional, o DNI, também não inclui o número treze. O famoso escritor John Ronald Reuel Tolkien, em seu livro O Hobbit, conta como os anões pedem para encontrar mais um para acompanhá-los na viagem para evitar os treze anos. Da mesma forma, cantores e compositores têm evitado usar o número treze para numerar suas canções.
Vemos também esta evitação em desportos como o automobilismo ou o motociclismo, onde os participantes se recusam a usar o número treze. Essa relação entre treze e azar nas crenças supersticiosas também é reforçada quando, ao invés de evitar esse número, ele é utilizado, já que Isso é feito com o objetivo de dissociá-lo do azar que lhe foi atribuído a nível social.
Triscaidecafobia e superstição
A triscaidecafobia tem sido associada a superstições. Entendemos a superstição como uma crença irracional, contrária à razão, que poderíamos explicar como pensamento mágico sem base científica, ou seja, não podemos prová-la objetivamente. Embora esse tipo de crença possa parecer inofensivo, é possível que afetem o sujeito e acabem impactando seu dia a dia caso ele não consiga realizar determinadas atividades por conta dessas superstições.
Essas superstições têm origem no aprendizado cultural ou social, o que significa que eles não aparecem inatamente no assunto, eles aprendem por meio da influência cultural de seu ambiente. Essa crença na aparência faz sentido, pois percebemos que diferentes superstições surgem em diferentes culturas e sujeitos da mesma cultura podem apresentar superstições semelhantes.
No campo da Psicologia, têm sido feitas tentativas de explicar o aparecimento de comportamentos supersticiosos. O psicólogo Frederick Skinner observou em experimento realizado com pombos que quando o reforço era apresentado aleatoriamente, os animais o associavam a um comportamento realizado antes de seu aparecimento, repetindo-o para obter reforço. Esses comportamentos foram descritos como supersticiosos.
Mais tarde, o psicólogo Michael Mahoney observou que os comportamentos supersticiosos não foram aqueles realizados antes, mas depois de receber o reforçovalorizados como preconceitos, distorções cognitivas de percepção e avaliação da realidade.
Dessa forma, poderíamos considerar a triscaidecafobia como uma superstição, uma crença irracional sem base científica. Os sujeitos realizam comportamentos específicos para tentar evitar ou neutralizar os efeitos produzidos pelo número treze.
Tratamento
A técnica que tem apresentado melhores resultados e maior eficácia no tratamento de fobias específicas é a exposição ao vivo., que consiste em expor diretamente o sujeito ao estímulo fóbico. Em relação à triscaidecafobia exporemos o paciente ao número treze.
O modo de exposição pode variar dependendo da intensidade e duração da exposição, tentaremos expor na intensidade máxima que o assunto pode suportar e aumentá-la gradativamente. A duração deve ser longa o suficiente para que a ansiedade diminua.
Exemplos de triscaidecafobia
Como já vimos, a triscaidecafobia é o medo intenso do número primo treze. Treze tem sido relacionado a diversos acontecimentos ou acontecimentos, sendo atualmente um número ligado ao azar que muitos tentam evitar por medo de que ocorra um acontecimento catastrófico.
Essa relação com acontecimentos negativos é percebida em diferentes culturas e em diferentes momentos históricos. Vejamos quais exemplos e referências de rejeição ou medo do número treze existem. Iremos dividi-los em diferentes categorias, dependendo se estão ligados à morte, à religião, a acontecimentos históricos ou a comportamentos de evitação.
1. Ligado à morte
O número treze foi associado à morte. A cultura egípcia considerava a vida como um ciclo dividido em diferentes fases, coincidindo a fase treze com a morte. Por outro lado, no baralho de tarô, usado para prever o futuro, a carta número treze coincide com a morte. Em ambos os casos, a morte não é entendida como algo negativo, pois os egípcios acreditavam que após a morte começava uma vida melhor e a carta da morte do tarô expressa que o sujeito experimentará uma mudança, uma transformação, que pode ser positiva.
2. Relacionado à religião
Outro campo que relacionou treze com azar ou o descreveu como um número a evitar é a religião. A religião cristã refere-se ao fato de que na Última Ceia estavam treze pessoas, os doze apóstolos e Jesus, evento esse que aconteceu pouco antes de Jesus ser traído e executado. Além disso, O capítulo 13 do Apocalipse, o último livro da Bíblia, o livro sagrado do Cristianismo, é dedicado ao Anticristo, Como o seu nome indica, uma figura contrária a Cristo, a Deus.
Os vikings acreditavam que Loki, um deus da mitologia nórdica, considerado o deus da fraude e da malandragem, era o décimo terceiro deus do panteão. Da mesma forma, os cristãos mais uma vez associaram treze ao mal, apontando que Satanás, que está ligado ao pecado, foi o décimo terceiro anjo.
3. Eventos históricos
O número treze também tem sido relacionado a acontecimentos históricos que reforçaram o azar que este número acarreta e a ligação com acontecimentos negativos.
Sexta-feira treze
Sexta-feira, dia 13, é considerado um dia de azar em diferentes culturas ocidentais, uma vez que nesta data ocorreram diversos acontecimentos negativos. Esse medo irracional da sexta-feira 13 também é considerado um tipo de fobia chamada parascevedecatriafobia. Acontecimentos negativos ocorridos na sexta-feira, dia 13: um dos acontecimentos mais notáveis foi a captura e condenação dos Cavaleiros Templários na sexta-feira, 13 de outubro de 1307. Mais recentemente, em 13 de dezembro de 1939, em Victoria, Austrália, ocorreu um dos piores incêndios da história da humanidade.
Mais tarde, na sexta-feira, 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia caiu. Na sexta-feira, 13 de novembro de 1992, ocorreu um dos crimes mais conhecidos da Espanha, o das “meninas Alcàsser”. Há vinte anos, na sexta-feira, 13 de janeiro de 2012, o navio de cruzeiro Costa Concordia bateu numa rocha, matando alguns dos seus passageiros. Um dos acontecimentos mais recentes, na sexta-feira, 13 de novembro de 2015, ocorreu o primeiro ataque terrorista em Paris, França.