5 romances para conhecer (bem) a Idade Média

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A Idade Média, essa grande incógnita. E dizemos bem, desconhecido; porque já sabemos que este é um dos tempos mais vilipendiados da história, cheio de clichês, lendas e falsidades. Grande parte da “culpa” recai sobre muitos dos romances e filmes que foram feitos sobre a Idade Média, uma vez que a maioria deles carece de rigor histórico e apresenta a “típica” Idade Média: sombria, violenta, perigosa e praticamente tola.

Existe algum romance que nos ofereça um relato verdadeiro de como viviam os homens e as mulheres medievais? Sim existe. Abaixo, listamos 5 romances para conhecer (bem) a Idade Média que também são grandes obras da literatura universal. Se você estiver interessado, continue lendo.

Livros para nos mergulhar na Idade Média

São muitos os autores que ou foram especialistas neste período histórico, ou tiveram uma grande formação cultural e um enorme conhecimento sobre o assunto. É o caso de Umberto Eco e Zoe Oldenbourg, ambos especializados na Idade Média, ou de Walter Scott que, apesar de se limitar à estética romântica, apresenta-nos uma Idade Média muito credível no seu magnífico romance Ivanhoe. Vamos examiná-los um por um.

1. Ivanhoe, de Walter Scott

Sir Walter Scott (1771-1832) é o grande defensor da literatura romântica inglesa. Seus romances históricos, repletos daquela aura romântica típica do início do século XIX, às vezes apresentam erros e na maioria das vezes aparecem envoltos em uma fantasia que não podemos ignorar.

Porém, apesar disso, Scott retrata com grande fidelidade a Inglaterra do século XII em seu imortal Ivanhoe (1820), e nos apresenta a realidade política e social do momento: a luta feroz entre os saxões, que se estabeleceram na ilha durante séculos, e os normandos, os invasores aos quais pertencia o próprio rei Ricardo. Diremos apenas que Jacques Le Goff (1924-2014), o eminente medievalista, confessou ter começado a amar a Idade Média graças a este romance.

2. O nome da rosa, de Umberto Eco

Embora seu homônimo cinematográfico, estrelado por um extraordinário Sean Connery, seja inesquecível, o romance de Eco capta muito melhor a essência da época. O autor ficou encantado com a adaptação cinematográfica; Porém, do nosso ponto de vista, o cenário do filme é demasiado sombrio e “sujo”, e a única coisa que consegue é dar uma imagem errada de como viviam os monges na Idade Média.

Umberto Eco (1932-2016) foi sem dúvida o último grande humanista do nosso tempo. Especialista em semiótica, mergulhou particularmente no período medieval e estudou sua simbologia e mentalidade.. Tudo isto é testemunhado pelo seu magnífico romance O Nome da Rosa, em que os assassinatos na abadia são apenas uma desculpa (e que desculpa agitada!) para capturar no papel um microcosmo fascinante: a vida num mosteiro medieval. O rigor histórico com que Eco desenvolve a sua obra, não só ao nível do enquadramento histórico e físico, mas também em relação à mentalidade da época (século XIV), faz deste romance um dos melhores do género que se conhece ( bem) a Idade Média.

3. Os Queimados, de Zoe Oldenbourg

Muito se escreveu sobre os cátaros e nem tudo é fiel à realidade histórica. Não é o caso da obra desta magnífica medievalista de origem russa, que utiliza o seu amplo conhecimento da Idade Média para apresentar romances que são autênticas joias literárias e históricas.

De Zoe Oldenbourg (1916-2002) poderíamos citar muitos títulos: The Carnal Cities (1961), Mud and Ashes (1946) ou The Cornerstone (1953); No entanto, optámos por Os Queimados, uma esplêndida obra que narra as aventuras de uma senhora cátara e da sua família, cujo marido está em guerra contra os exércitos cruzados. É uma história com alma, daquelas que te deixa colado na cadeira, onde, além disso, a autora mostra todo o seu conhecimento da história e cultura medievais..

4. A Ponte de Alcântara, de Frank Baer

Ambientado na Península Ibérica durante o século XI, o livro é o resultado de uma cuidadosa pesquisa do autor, o escritor e jornalista alemão Frank Baer (1938-2019). Publicado em 1991 com grande sucesso de público e crítica, A Ponte de Alcántara gira em torno de três personagens pertencentes às três culturas da época: um médico judeu, um poeta muçulmano e um cavalheiro cristão. É, segundo muitos críticos, um dos melhores livros para conhecer a situação da península na época da (des)chamada Reconquista.

5. Nossa Senhora de Paris, de Victor Hugo

Novamente, como no caso de Walter Scott, encontramos um nome oriundo do Romantismo, neste caso francês: Victor Hugo (1802-1885). Consequentemente, é verdade que Nossa Senhora de Paris (1831) também tem aquele tom glorioso (e, às vezes, espectral) de qualquer história que afirma pertencer ao movimento.

Porém, Victor Hugo era um trabalhador extremamente detalhista. Nossa Senhora de Paris, ambientada na cidade francesa no final do século XV, contém descrições que são autênticos prodígios tanto da literatura como do conhecimento da arquitetura gótica.; Na verdade, uma das intenções de Hugo ao escrever a história era reivindicar a herança medieval da França, que naquela época estava verdadeiramente esquecida.

Assim, através das aventuras da jovem e ingênua Esmeralda, do inesquecível corcunda Quasimodo e do malvado diácono da catedral, Claude Frollo, Hugo compõe um romance que é verdadeiramente filho da estética do século XIX, mas no qual expressa toda sua cuidadosa pesquisa sobre o período.

Esperamos que tenha gostado da seleção e convidamos você a mergulhar nos melhores romances ambientados na Idade Média para conhecer esse período único e insultado. Para isso, recomendamos ser meticuloso na seleção, pois nem todas as obras literárias baseadas na Idade Média são historicamente credíveis. Bem-vindo à aventura.

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