Devemos agradecer à sabedoria popular por nos fornecer informações valiosas que nos permitiram chegar à idade adulta, evitando quedas desnecessárias em barrancos, contágios de doenças ou, quem sabe, até mesmo coices ocasionais de cavalos.
Fome e compras, uma péssima combinação
E o facto é que, muito antes de existirem publicações em revistas científicas, o corpo colectivo a que pertencemos e a que chamamos “povo” já tinha na boca uma grande quantidade de conselhos, ditados e costumes que nos guiam no nosso percurso vital. em direção à velhice. próspero Porém, vale lembrar que, justamente por não depender da ciência, a cultura popular não precisa se preocupar nas explicações da realidade.
Há um conselho repetido inúmeras vezes em que isso fica evidente: a recomendação de não ir ao supermercado com o estômago vazio. Hoje sabemos que os mentores bem-intencionados que repetiram esta regra foram ingénuos. Ir às compras com fome é uma má ideia, sim. Mas não só quando vamos procurar comida no mercadomas também quando percorremos as galerias de qualquer outro tipo de estabelecimento comercial.
Fome e vontade de comprar se uniram
Um estudo publicado recentemente na PNAS concluiu que o apetite pode ativar conceitos e comportamentos relacionados à “aquisição” no abstrato. Isso significa que quem sente o ronronar do estômago cada vez mais próximo tem maior probabilidade de comprar qualquer coisa por impulso. Fome e compras racionais não parecem combinar muito bem, seja qual for o contexto.
Como essa conclusão poderia ser alcançada? Pois bem, por exemplo, experimentar um objeto pouco útil no nosso dia a dia e pouco relacionado com a gastronomia: o clipe de papel, também conhecido como clipe de fichário. É um pequeno dispositivo que poderia muito bem ser o irmão mais velho do clipe de papel convencional e é usado para guardar muitos papéis. Dessa forma, uma equipe de pesquisa decidiu medir o número de clipes para fichários que uma série de voluntários pegou quando lhes disseram que poderiam levar para casa quantos quisessem.
Os voluntários, claro, faziam parte de dois grupos experimentais diferentes: pessoas famintas e pessoas saciadas. Os indivíduos famintos tendiam a agarrar um número significativamente maior de clipes, mas apesar de demonstrarem este gosto espontâneo por objetos de escritório, não valorizavam o seu saque de forma mais positiva do que o grupo saciado. Parece que a fome envia uma mensagem unívoca e pouco sutil ao cérebro. Ele não diz “isso é muito atraente para mim” ou “como isso é bom”, e nem mesmo diz “eu quero comida”. A mensagem é mais, bem: “Eu quero”.
Agora, devemos lembrar que esta experiência foi realizada com objetos que estavam livres. O que acontece quando o dinheiro entra em jogo? Você pode pensar que quando adquirir algo tem um custo, deixamos a razão tomar conta do assunto, certo? Para descobrir esse ponto, os dados foram coletados em uma área comercial. Ao digitalizar os recibos de compra dos clientes que finalizaram a compra e fazer uma série de perguntas, foi possível perceber como as pessoas mais famintas tendiam a Compre maismesmo levando em consideração o humor e o tempo que passaram olhando os produtos.
Não caia na armadilha
Que lições podemos aprender com a relação entre clipes de papel e problemas estomacais? Talvez o seguinte: dado que no mundo exterior somos bombardeados diariamente por publicidade em todos os tipos de formatos, é conveniente não torne isso tão fácil para os grandes vendedores. Não vamos colocar no nosso corpo, além de todas as coisas que já temos, a vontade de comprar qualquer coisa.