Falamos de neurose obsessiva para nos referirmos a um transtorno mental ligado a tensões nervosas. e problemas psicológicos de natureza diferente. Foi Sigmund Freud, o famoso psicanalista vienense, quem o descreveu pela primeira vez.
O que é neurose obsessiva?
Freud descreveu a neurose obsessiva como um distúrbio psíquico cujos pacientes estão constantemente preocupados com pensamentos que não lhes interessam. O tipo de pensamentos que esses pacientes sofrem são de conteúdo que gera rejeição, o que pode levá-los a ter comportamentos indesejados.
Muito se tem escrito sobre a difícil detecção e tratamento da neurose obsessiva, uma vez que seus sintomas podem passar despercebidos em muitos pacientes. Mas como são as pessoas que sofrem desta condição? Costuma-se dizer que eles são perfeccionistas. Seus pensamentos podem dominar seus comportamentos e humor, para que possam realizar comportamentos repetitivos e compulsivo para tentar controlar seu desconforto.
Este é um termo que não é mais usado na psicologia clínica moderna. Não aparece nem no DSM nem no CID. A neurose obsessiva é, no entanto, um construto de grande relevância na história da psicopatologia.
Neste artigo conheceremos a definição desse transtorno, além de seus sintomas, causas e possíveis tratamentos psicológicos.
História do conceito
O psicanalista francês Henri Ey conceitua neurose obsessiva como a incapacidade de controlar a compulsividade dos sentimentos., ideias ou comportamentos. Isso torna a pessoa afetada sujeita ao controle desse tipo de neurose.
Embora o DSM-IV não considere a neurose obsessiva como uma entidade psicopatológica independente, as diferentes características do transtorno têm sido tratadas, embora com nuances muito diferentes das propostas por Freud ou das anteriormente descritas por Henri Ey.
Nos manuais de diagnóstico contemporâneos, a neurose obsessiva está incluída entre os transtornos de ansiedade. Dessa forma, o conjunto de sintomas corresponde ao TOC, ou transtorno obsessivo-compulsivo. O TOC é um transtorno no qual existem compulsões e pensamentos obsessivos que a pessoa afetada reconhece como irracionais e pouco adaptativos. Esses sintomas geram notável inquietação e os pacientes costumam apresentar comportamentos compulsivos, rituais, etc.
Como podemos perceber, existem diferenças significativas entre o transtorno inicialmente descrito pela psicanálise com o termo neurose obsessiva e a psicopatologia que atualmente é descrita em manuais, sob o nome de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).
Características principais
Os sintomas e características da neurose obsessiva derivam das alterações psicológicas e cognitivas sofridas pelo paciente. Pensamentos obsessivos inundam a mente da pessoa afetada.
Vamos ver de que tipo de pensamentos sofrem as pessoas afetadas pela neurose obsessiva.
1. Cognições obsessivas
Fenômenos obsessivos surgem continuamente na psique da pessoa afetada. Isto pode assumir a forma de sentimentos incontroláveis de culpa, verificação, obsessão pela ordem e limpeza. Essas ideias recorrentes geralmente representam um problema e uma preocupação constante para o paciente.
2. Mecanismos de defesa
Pessoas com neurose obsessiva desenvolvem vários mecanismos de defesa para tentar minimizar sua obsessão. No entanto, esses mecanismos de defesa também decorrem de comportamentos e pensamentos obsessivos. Ao contrário das cognições obsessivas, os mecanismos de defesa podem ser realizados de forma consciente e o sujeito os reproduz para tentar diminuir o desconforto dos primeiros.
3. Outras alterações psicológicas e afetivas
Este distúrbio geralmente é acompanhado por outros distúrbios emocionais e afetivos. Sintomas como apatia, sensação de irrealidade, confusão, estranheza ou perplexidade são características muito comuns entre os afetados pela neurose obsessiva.
Sintomas
Quais são os sintomas mais comuns da neurose obsessiva?
- A pessoa afetada tem ideias obsessivas que aparecem em sua mente contra a sua vontade. São pensamentos compulsivos e incontroláveis.
- O paciente tem tendência a se envolver em comportamentos impulsivos e agressivos, apesar de não serem comportamentos desejados.
- Eles realizam comportamentos repetitivos de natureza simbólica. Eles são definidos como ritos de pensamento mágico.
- A psicastenia surge, pois o sujeito mantém uma luta para tentar deter suas obsessões.
Causas
Estudos sobre neurose obsessiva revelaram que se trata de uma psicopatologia multicausal (ou seja, pode ser devido a diferentes causas). Parece que há uma série de fatores que, juntos, podem causar o aparecimento do distúrbio.
Normalmente, os estudiosos classificaram três tipos de causas de neurose obsessiva: fatores físicos, ambientais e genéticos.
1. Fatores físicos
Foi demonstrado que os sintomas associados à neurose obsessiva estão relacionados a vários desequilíbrios neuroquímicos. Parece que a disfunção do circuito órbito-fronto-caudado pode ser um fator comum no aparecimento do distúrbio.
Outra hipótese propõe que certas anormalidades no corpo estriado e facilitação da transmissão da serotonina na região órbito-frontal também possam ser fatores de risco.
2. Fatores ambientais
Também pode haver vários fatores ambientais que podem levar ao surgimento deste distúrbio. Indivíduos que vivenciaram situações que não conseguiram controlar têm maior predisposição a sofrer de neurose obsessiva. Por exemplo, traumas de infância, ter sido vítima de abandono ou abuso sexual, viver num lar desfeito e estar exposto a elevados níveis de stress também podem levar ao surgimento desta doença psicológica.
3. Fatores genéticos
Tal como acontece com muitos transtornos mentais, também foi relatado que a neurose obsessiva tem um grande componente genético. Isto tem sido constatado porque em algumas famílias é fácil detectar vários membros com esta condição. Da mesma forma, ter histórico familiar de neurose obsessiva é um fator de risco para o desenvolvimento do mesmo transtorno.
Tratamentos
Os sintomas habituais da neurose obsessiva podem ser tratados a partir de duas abordagens diferentes (e muitas vezes complementares): tratamento farmacológico e psicológico. Quanto à terapia farmacológica, os medicamentos mais eficazes são os antidepressivos tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação do hormônio serotonina.
Este tipo de intervenção farmacológica permite a estabilização do quadro clínico, embora normalmente necessite de apoio psicoterapêutico. Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental é a forma de psicoterapia mais eficaz e aquela que costuma ser melhor complementada pela intervenção com inibidores.