Os cientistas identificaram um total de 42 grupos de variações genéticas que aumentam o risco de sofrer de esquizofrenia. Contrariando a posição oficial até ontem, a esquizofrenia parece não ser uma doença única, mas sim um grupo de oito doenças de natureza genética diferente, cada uma com o seu quadro sintomatológico diferenciado.
Esquizofrenia: novas evidências indicam sua causa
Sabe-se que 80% do risco de sofrer de esquizofrenia é determinado pela herança genética, mas os investigadores não conseguiram discernir os genes que causam esta condição.
No último estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St Louis, foram examinadas as influências genéticas de mais de quatro mil pessoas com esquizofrenia e foram descobertos grupos de genes diferenciados que causam até oito condições diferentes de esquizofrenia.
De acordo com C.Robert Cloninger,
“Os genes não agem por conta própria, mas funcionam como uma orquestra musical. Para entender como funcionam, é necessário conhecer não apenas os membros da orquestra separadamente, mas também como eles interagem.”
Mais agressivo em grupo do que separadamente
Dr. Cloninger e sua equipe de pesquisa combinaram algumas variações específicas de material genético em pessoas com esquizofrenia e pessoas saudáveis. Em alguns pacientes que sofreram alucinações ou delírios, os cientistas investigaram as características genéticas e as compararam com os sintomas de cada um deles, descobrindo que Alterações genéticas específicas interagem entre si, gerando 95% de probabilidade de sofrer de esquizofrenia. Cada uma das oito doenças geneticamente distintas tem seu próprio conjunto de sintomas.
Em outro grupo de sujeitos, foi revelado que a linguagem desorganizada está ligada a um conjunto de alterações no DNA que resultam em 100% de probabilidade de desenvolver esquizofrenia.
Embora os genes individuais estejam apenas fracamente ligados ao desenvolvimento da esquizofrenia, alguns conjuntos genéticos interagem entre si, gerando um alto risco de sofrer de esquizofrenia, entre 70 e 100%, segundo o estudo.
Esse dado reforça a ideia de que é difícil para as pessoas que sofrem com essas alterações genéticas evitar o desenvolvimento da doença. No total, o estudo descobriu até 42 grupos de alterações genéticas que aumentam o risco de sofrer de esquizofrenia.
Novo foco
“Em pesquisas anteriores, os cientistas tentaram encontrar associações entre genes individuais e a esquizofrenia”, relata Dragan Svrakic, coautor do estudo e professor de psiquiatria na Universidade de Washington. “Vários estudos identificaram uma associação e foi difícil refutá-la. O próximo passo lógico na pesquisa sobre esquizofrenia foi verificar que os genes não agem isoladamente, mas sim em conjunto, alterando a estrutura e as funções do cérebro, que causa a doença”, finaliza.
Svrakic argumentou que somente quando os pesquisadores foram capazes de categorizar as alterações genéticas e sintomas dos pacientes em gruposperceberam que determinados grupos de variações genéticas agem em conjunto causando tipos específicos de sintomas.
Os pesquisadores separaram os pacientes com base no tipo e intensidade de seus sintomas, como problemas de organização de ideias e pensamentos, falta de iniciativa ou desconexão entre emoção e pensamento.
Os resultados indicaram que os perfis sintomatológicos são produto de oito distúrbios qualitativamente diferenciados, que por sua vez são resultado de condições genéticas particulares. Os investigadores expressaram que estas novas descobertas podem mudar a abordagem à compreensão das causas, genéticas ou adquiridas, de outras perturbações não psiquiátricas complexas.
Os especialistas estão esperançosos de que estes resultados possam abrir caminho para a melhoria do diagnóstico e tratamento da esquizofrenia.